Tradição à Mesa, Mas Será Ideal Para o Útero?
Por Mestre Otchissola – Naturopata e Terapeuta Integrativa
Durante séculos, o funge foi muito mais do que um simples alimento nos pratos de Angola e de outras regiões da África subsariana. Ele é símbolo de ancestralidade, união familiar, partilha e resistência cultural. Feito tradicionalmente a partir da farinha de milho ou de mandioca (bombó), o funge acompanha molhos ricos em peixe, carne ou vegetais — e representa um conforto emocional e físico em muitas mesas.
Mas à luz do conhecimento atual sobre fertilidade, saúde intestinal e nutrição funcional, será que o funge continua a ser o melhor aliado para quem deseja conceber?
Neste artigo, vamos olhar para a origem do funge, os processos por que passa, e o impacto dos seus ingredientes no organismo de quem deseja engravidar. Vamos também trazer fontes confiáveis para cada ponto.
A História do Funge e a Tradição do “Aproveitamento”
O funge tem raízes profundas na cultura alimentar bantu. Inicialmente, era preparado com ingredientes simples, colhidos localmente, e o seu processo de preparação envolvia energia e presença — mexer com força, respeitar o tempo da farinha, sentir a textura no ponto certo. No caso do funge de bombó, o processo era ainda mais complexo: a mandioca era deixada de molho, fermentada naturalmente, seca ao sol e moída em pilão. A fermentação era uma forma de conservação ancestral — antes da refrigeração moderna.
Com o passar dos anos, a industrialização e o comércio de farinhas de milho transgénicas e mandioca desidratada pré-embalada alteraram não só a relação com o alimento, mas também o seu impacto no corpo. O que era um alimento vivo, feito de forma artesanal e fresca, tornou-se cada vez mais um alimento morto — sem enzimas, pobre em fibras e muitas vezes rico em toxinas invisíveis.
O Problema Invisível: Fungos, Toxinas e Fertilidade
Os grãos de milho armazenados em grandes quantidades estão sujeitos à contaminação por fungos como o Fusarium, que produzem micotoxinas como a zearalenona — um composto com ação estrogénica capaz de perturbar o equilíbrio hormonal e afetar a fertilidade. Esta toxina já foi associada a disfunções menstruais, infertilidade em animais de produção e alterações do ciclo ovulatório em humanos.
📚 Fonte: SciELO – Zearalenona e efeitos endócrinos
📚 Fonte: Wikipédia – Zearalenona
O milho geneticamente modificado (Bt) foi criado para resistir a pragas, mas também alterou a forma como o grão interage com microrganismos e com o nosso organismo. Embora algumas versões do milho transgénico apresentem níveis mais baixos de micotoxinas, o seu impacto na saúde a longo prazo, especialmente na fertilidade feminina e masculina, continua a ser motivo de debate.
E o Funge de Bombó?
O funge de bombó é, por vezes, considerado “mais leve” por não conter glúten. No entanto, a mandioca é extremamente rica em amido — um tipo de carboidrato fermentável que alimenta fungos e bactérias patogénicas no intestino. Além disso, o processo artesanal de fermentação da mandioca, se feito sem rigor, pode dar origem a ácidos e toxinas que dificultam a digestão e prejudicam a flora intestinal.
📚 Fonte: EMBRAPA – Fermentação da Mandioca e qualidade nutricional
A Relação Entre Carboidratos, Intestino e Hormonas
Quando ingerimos grandes quantidades de alimentos ricos em amido e de digestão rápida — como o funge — o corpo responde com picos de insulina e fermentação intestinal. Isso favorece a proliferação de parasitas e leveduras como a Candida albicans, que por sua vez provocam inflamações crónicas, alterações na flora vaginal e desregulação hormonal.
📚 Fonte: Acervo+ – Candida Albicans e Dieta
E Se Voltássemos às Raízes? A Dieta Carnívora como Proposta
Curiosamente, muitos estudos modernos apontam para os benefícios da dieta carnívora, baseada apenas em alimentos de origem animal. Rica em ferro heme, colagénio, vitamina B12, colesterol bom e aminoácidos essenciais, esta abordagem alimentar tem sido associada à melhoria da ovulação, da função mitocondrial e da saúde uterina.
Sem carboidratos fermentáveis nem micotoxinas, a dieta carnívora cria um ambiente mais estável para a produção hormonal, com menos inflamação e mais energia reprodutiva.
📚 Fonte: Medicover Hospitals – Carnivore Diet and Hormonal Health
Conclusão: O Que a Tradição Nos Ensina e o Que a Ciência Confirma
Respeitar a cultura alimentar é essencial — mas não devemos romantizar alimentos que, hoje, são processados de forma industrial e desprovida da sabedoria ancestral. O funge tradicional, preparado com farinha fresca e acompanhamento nutritivo, pode ter lugar numa alimentação pontual e bem orientada.
No entanto, para quem está em busca de fertilidade, o consumo diário de funge (de milho ou de bombó) pode ser mais um obstáculo do que um aliado, especialmente se estiver acompanhado por molhos industrializados, carnes processadas e bebidas ricas em açúcar.
A fertilidade é uma energia que nasce do equilíbrio — intestinal, hormonal e emocional. Começa no prato, mas reflete-se no corpo todo.
Quer saber se a sua alimentação está a apoiar ou a bloquear a sua fertilidade? Faça a sua triagem gratuita e descubra os próximos passos naturais para o seu corpo enviando mensagem para o nosso whatsapp. O nosso atendimento é 100% online.
Written by
Otchissola